7.10.11

Paredes brancas


Outro dia eu comentei sobre o cinema argentino e consegui, finalmente, assistir a Medianeras, a mais recente produção portenha que está em cartaz por aqui. Dirigido por Gustavo Taretto, em nosso país ganhou subtítulo de "Buenos Aires na era do amor digital". Complemento mercadológico e equivocado, como a maioria deles. Primeiro descobri o que eram as benditas medianeras: são as chamadas empenas. Deu na mesma? Ok, são aquelas paredes cegas dos prédios, que por algum tempo serviram apenas para enfeiar, depois ganharam o status de murais de publicidade. O que eu acho que dá na mesma. O sentido das medianeras permeia todo o filme: paredes cegas, vida que se realiza do outro lado. Focado na história de dois jovens vizinhos que não se conhecem, o filme mostra a angústia que permeia a geração Y: cada vez mais plugados e sós, substituem as vivências do real pela mediação do virtual. Gostei muito da simplicidade do diretor na composição do filme e na abordagem dos dramas dessa geração. Simplicidade aparente, assim como os perfis que criamos na rede. A manipulação dos espaços da cidade, a composição gráfica do filme, as falas (quase sempre falas, pouquíssimos diálogos), revelam o domínio cinematográfico e a decepção e falta de expectativa de uma geração acostumada a ter tudo com um clique, mas que não consegue se situar no mundo adulto. O curioso é que eu imaginava um diretor bem mais jovem. Esse está quase a caminho de ser um Mr.50. Mas com tudo pronto para entender e enxergar as novas gerações. Medianeras é, mais uma vez, a demonstração de que bons filmes podem ser feitos com baixíssimos orçamentos. Basta saber contar boas histórias. Ponto novamente para o cinema argentino.

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