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Semana da criança. Essa foi a primeira vez, desde a idade adulta, que me deparo com isso. Tudo porque estou dando um pequeno curso para uma turma de professoras. Bom, na maioria mulheres e mais 04 homens. Ontem nosso encontro foi tumultuadíssimo, pois a maioria estava esgotada pela maratona da bendita semana das crianças. O curioso foi que ontem abordei o assunto dos objetos da memória. Venho pensando nisso já há alguns dias, mais especificamente pensando em cheiros da memória, mas disso falamos depois. Ao final da aula, uma aluna, a Cida me procurou e veio contar uma história, que gostaria de relatar. Faço questão disso, pois a memória é traiçoeira e não gostaria de me esquecer desta. Ela me contou que sua família era muito pobre, veio de um povoado no norte de Minas, região miserável do nosso estado. Sua mãe, analfabeta até os 50, criou as 3 filhas fazendo faxina. O que ela mais admirava eram pessoas que soubessem ler e dizia às filhas que "quem sabe ler é inteligente". Cida cresceu com isso e sonhava em ser médica. Mas antes, resolveu ser professora para ganhar dinheiro e entrar para a medicina. O que não ocorreu, primeiro porque ela se casou aos 18, teve filhos, experimentou trabalhar em hospital e viu que tinha pavor de sangue e do sofrimento alheio. Continuou como professora. Ficou afastada dos estudos 14 anos, quando finalmente resolveu voltar a estudar. Com dinheiro apenas para 06 meses de curso preparatório para o vestibular, ela optou pelo curso de Terapia Ocupacional, pois trabalhava com crianças nessa área. Não passou. No entanto, seus professores a orientaram a fazer vestibular em sua área: pedagogia. Ela fez e passou. Na UFMG e na UEMG, as duas maiores instituições de ensino aqui. No dia da matrícula, ao chegar sua vez, tamanho deslumbramento e emoção, ela desmaiou antes de assinar a matrícula. Ao acordar, sentiu na boca um sabor intenso e muito bom, que não conseguiu identificar. Aos poucos, se recuperando, ela lembrou. Era o gosto de cajá manga, uma fruta comida apenas nos dias de felicidade de sua infância. Essa conquista, teve gosto de uma memória de felicidade da infância, uma lembrança suscitada pela aula. Bom, como acaba a história? Assim. E eu vim para casa pensando em como, às vezes, é muito bom ser professor.
1 comentários:
Para mim, tem o cheiro das magnólias, sempre floridas no Natal, na mágica rua das tias, em Juiz de Fora... Amei!
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