11.6.13

Detalhada descrição de Salvage Beauty de Alexander McQueen no MET - Nova York

A febre do verão  de 2011 em Nova York foi a exposição “Salvage Beauty” de Alexander McQueen no Metropolitan Museum of Art. Aqui vai uma detalhada descrição da exposição por mim e trechos traduzidos diretamente do curador.  Por Clarissa Ribeiro.
Raramente nós vemos  algo que realmente nos inspira. Fui muitas vezes a exposição de Alexander McQueen "Salvage Beauty" espero que os textos, com ajuda dos videos podem transportá-los as galerias do MET.  Quando você vir um link de música, clique nele antes de continuar lendo o texto.  A idéia aqui é fazer com que você tenha uma experiência parecida com a que eu tive lá.
No primeiro dia eu simplesmente entrei (como sou sócia do MET não preciso ficar na fila que pra ver a amostra – a espera era até de 7 horas!!) olhei todas as obras de arte (porque aquelas peças de alta-costura não são roupas, e sim objetos de arte), fiz alguns comentários (estava com uma amiga), apreciamos e saimos. No dia seguinte, como tinha prometido ir com outra amiga, fui.  Eu queria ver de novo, parecia que eu tinha sido intoxicada por beleza, arte, originalidade, moda, o feio e o bonito. Como um viciado em qualquer coisa  meu intelecto me pedia para voltar la, olhar o belo, me inspirar...  Então fui...
Entrei na galeria outra vez e senti o impacto que tinha causado em mim nas duas vezes que eu ja tinha entrado.   A maneira com que as galerias foram montadas, as paredes, o chão, aos espelhos, a madeira, as vitrines, os ventiladores, a plataforma de marmore marcando o final da jornada. Foi uma experiência completa de mídia, os vídeos, a música, o holograma, as explicações sobre cada galeria nas paredes, as citações, eles criaram um ambiente harmônico incrível para a exposição. Você sente como se tivesse em assentos de primeira classe para presenciar umas das mentes mais talentosas do final do século XX e inicio do  século XXI.  A harmonia do show criou uma experiência quase surreal.
Neste dia porém, eu decidi usar o guia de áudio e decidi também que iria ficar por lá, o tempo necessário para fazer anotações de tudo! A minha idéia era apresentar um sincero depoimento de uma pessoa até então leiga sobre a vida e a obra de McQueen que depois dessa amostra virou completamente apaixonada por sua arte, por seu pensamento livre forte, por ideias futuristicas, querendo sempre se distinguir da forma estabelecida pelos padrões morais e normais do mundo da moda.  Aqui apresento uma experiência verdadeiramente completa de uma das amostras mais surpreendentes da arte e moda que já vi.  Misturando a transcrição da exposição feita pelo curador, eu inseri frases de McQueen, de seus amigos, música e comentários que eu escrevi enquanto adava pelo show.
A exposição começa nesta sala negra onde eles colocaram duas peças lindas produzidas por Lee Alexander McQueen (esse era seu nome completo).  O vestido da esquerda é vermelho constituido por penas de avestruz, pintadas de vermelho e preto para a saia e de vidro para microscópio pintado de vermelho para demonstrar sangue como corpete.  O seio da direita ficaria para fora.  O vestido da direita, branco, composto por conchas compridas adiciona logo o contraste e o drama de suas obras.  Essas peças vêm da coleção Voss.  Logo no principio nos deparamos com a definição de McQueen a BELEZA- o que BELEZA significava para ele? Sua idéia era desafiar as convenções normativas de beleza.  Naquele momento você sente seu coração acelerando e sua respiração ficando mais pesada,  estava prestes a mergulhar em lugares que nunca soube que existia.  No fundo da imaginação de um dos maiores genios da nossa era....
Aqui vai uma passagem pela vida e obra de Alexander McQueen...
Apresento aqui a tradução das explicações apresentadas por Andrew Bolton, curador da exposição Alexander McQueen: Savage Beauty. Com varias citações e as musicas que tocavam na galeria, assim vocês podem sentir como se estivessem participando do passeio.
“Sou Andrew Bolton, curador da exposição Alexander McQueen: Savage Beauty. Eu acho que o título de "Savage Beauty" resume os contrastes no trabalho de McQueen. Assim que entrar na exposição, você se depara com dois manequins.  Os dois manequins que eu acho que representam muitos temas e idéias que McQueen revisita ao longo de sua carreira: os opostos polarizados, a vida ou morte, claro ou escuro, predador e presa, homem e máquina.
Music by John Gosling: 
A primeira galeria é chamada "The Romantic Mind". Essa galeria é feita de concreto, que reflete o lado cru do designer/alfaiate.  Demonstrando a crueza de algumas das roupas que você vê no espaço.  É inspirada no  primeiro atelier McQueen em Hoxton Square, onde ele estabeleceu sua casa. McQueen foi treinado em alfaiataria em Savile Row (o que lhe guarantiu um lugar especial entre os estilistas, ele entendia o corpo e como cortes funcionavam). McQueen era um artesão notável. Ele foi capaz de canalizar as habilidades de seu ofício, mas também de usar a moda como um veículo para expressar idéias e conceitos muito complexos. E eu acho que nesta exposição  e nesta galeria, você vê como McQueen iria dominar o artesanato e subvertê-los a suas criações.

Em suas proprias palavras revela "Eu gosto de pensar em mim como um cirurgião plástico com uma faca".
"A roupa tinha dois painéis ao lado. Elas não têm estimento não havia engenharia. É apenas sobre o corte, afiada e sofisticado.” Por Tiina Laakonen.

Music "a scent of intrigue" by Tony Hymas:

The Bumster – mostrando o final da coluna.  Ele nos influenciou a usar calças de cos baixo.
Por McQueen: "Com bumsters eu queria alongar o corpo, não apenas mostrar o bumbum.  Para mim, essa parte do corpo é a mais sensual. Não tanto as nádegas, mas a coluna que é a parte mais erótica do homem ou mulher."

"Eu passei muito tempo aprendendo a construir roupas, o que é importante fazer antes que você possa destrui-las.”

Os espelhos tratados na galeria "Romantic Gothic"  evoca a idéia de Edgar Allen Poe em "A Queda da Casa de Usher". McQueen, muitas vezes se autodenominava o "Edgar Allen Poe da moda." Um dos temas predominantes e permanentes em seu trabalho foi o gótico, principalmente o lado mais sombrio do século XIX, de vitorianismo. Muitas das peças são inspiradas pelo culto da morte, e também são constituidos por personagens associados ao conceito literário do gótico, como vampiros, salteadores, anti-heróis ou heróis baseados em poemas de Lord Byron.
Music Mekon "disco bloodbath":

McQueen: "Eu não tenho a mente de uma pessoa comun.  A minha mente é mais perversa" 
Pensamentos sobre “"O culto da morte, o culto do luto"  McQueen não tinha interesse em mulheres usando suas roupas que a demonstrassem frageis, em suas palavras: “Não me interessa mulheres que parecem ser frageis, mulheres tem que ter um aspecto mais sinistro, sendo meloncolia ou sadomasoquismo.”  Ele então observa que "Eu tenho essa ideia de ser um cientista louco que dissecou varias mulheres e as misturou costurando-as todas juntas” a ideia basica seria que mulheres poderiam ter varias faces. 
Os cortes de McQueen sempre apresentam cinturas finas bem delineadas e ombros bem oscilantes. 
Temos uma caixa enorme de vidro com a coleção póstuma de McQueen, Anjos e Demônios (esse não é o nome oficial). Essa coleção mostra o envolvimento de McQueen com a história da arte, bem como o seu amor por pintores flamengos. Esse era o seu momento preferido na história da arte.
McQueen: "É importante olhar para a morte porque ela é parte da vida. É uma coisa triste, melancólica e romântica ao mesmo tempo. É o fim de um ciclo - tudo tem que acabar. O ciclo de vida é positivo pois dá espaço para coisas novas".
Para ver a coleção:

"Para mim, o que eu faço é uma expressão artística que é canalizada através de mim. A moda é apenas um meio."  Ele era um artista acima de tudo.

Aqui você acha trabalhos de colaboradores de McQueen como Shaun Leane - http://www.shaunleane.com/page/Collaborations_Alexander_McQueen

O "Cabinet of Curiosities" refere-se a prática do século XVIII e século XIX de coleta de objetos de história natural como uma forma de ver o mundo. Esta galeria, de certa forma, é o coração e a alma da exposição, em termos do fato de que você vê a amplitude da imaginação de McQueen nas peças em exposição e os objetos que o inspirou (natureza, o primitivismo). Todos os grandes temas que você vai ver em toda a exposição estão muito presentes aqui. Você também vai ver dez momentos inesquecíveis de seus desfiles. McQueen olhava em todos os lugares em busca de inspiração, e você vê todas essas referências juntas aqui.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi essa roupa linda, o corpo feito de couro marrom bem contornado, saia de renda e botas de madeira. Acontece que McQueen tinha desenhado as botas para serem usadas pela atleta de olímpiadas especiais,
Aimee Mullens,  como suas pernas. E ela desfilou na pista usando as prósteses, e ela também começou sua carreira de modelo.


Music: George Frederic Handel, "Sarabande" arranged by Leonard Rosenman:

Em "Romantic Nationalism", o tratamento de superfície é marcearia que é projetado para refletir o tartan de McQueen. McQueen era um contador de histórias incríveis, e a maioria de suas coleções são baseadas em narrativa. Neste caso, ela mostra seu grande orgulho em ser escoces e também seu grande amor a história britânica. Mas há um confronto entre os escoceses e os ingleses.
"Como um lugar de inspiraçãoa Grã-Bretanha é o melhor do mundo. Você se inspira na anarquia deste país".

Anarquia!

A galeria seguinte, "Highland Rape", é composta de madeira bruta. Estupro na Highland é muito provocante, quando foi mostrado em 1995, muitas pessoas interpretaram o estupro como sendo o estupro de mulheres. McQueen foi muito inflexível no fato de que o estupro no título. Esse se refere ao estupro da Escócia através do Risings Jacobite do século XVIII e as fulgas as Highland do século XIX. Eu acho que a violência da época da história se refletiu em roupas de McQueen na construção de muitas delas, é quase como se ele tivesse pegado uma tesoura e as rasgou as roupas. 
Music; "god save the queen" traditional performed by Raymond Watts.  (infelizmente não achei videos…)
Esta coleção estabeleceu sua reputação mundial.


Este holograma é uma das coisas mais maravilhosas que já vi...


O holograma foi o final das Viúvas de Culloden “Widows of Culloden”. Ao lado do holograma é uma variação do vestido que Kate Moss usou, feita de centenas de camadas de organza de seda com bordas cruas.
 Na parede havia escrito: "Não há caminho de volta para mim agora. Vou levá-los em viagens que vocês nunca sonharam que fossem possíveis "
Music Frosti by Bjork:

Em "Romantic Exoticism", queriamos muito dar a idéia de uma caixa de música. Por isso usamos espelhos para dar uma idéia de infinito, e também discos giratórios. McQueen, muitas vezes buscou inspiração não só no passado distante, mas também em outras culturas, particularmente na China e no Japão. McQueen gostava de bordar, e Japão e China são duas culturas que se destacam, assim como a Índia, outra grande influência na carreira de McQueen. VOSS é uma coleção que contou com peças exóticas. Você vê dois exemplos aqui em patchwork que dá a impressão de crisântemos, muito mais uma flor associada com o Oriente, particularmente do Japão. VOSS era uma coleção encenado dentro de uma caixa, um espelho dupla face. O final da coleção era uma pequena caixa dentro da caixa maior com as paredes caindo, revelando uma mulher nua com mariposas esvoaçantes em torno dela, inspirada por uma fotografia de Joel-Peter Witkin Sanitarium direito.
McQueen: “Eu gosto de coisas modernas, com pouco de tradição”
Music Mekon: Dysfunctional:  

Em "Romantic Privitivism", o tratamento de superfície é um metal enferrujado, que é feito para evocar um navio afundado. A coleção chamada Irere, que contava a história de um naufrágio no mar e os subseqüentes encontros na Amazônia. E o vídeo que você vê suspenso na galeria funcionou como pano de fundo a coleção de McQueen e foi filmado por John Maybury. Destaques fortes nessa galeriam em particular, são os opostos, como predador / presa, ou primitivo e civilizado.

Em "Romantic Naturalism," a primeira parte é na verdade um desenho que foi criado por McQueen que replicado maior e reproduzida para representar papel de parede. Natureza foi, provavelmente, um dos temas mais importantes ao longo de sua carreira. McQueen amava a natureza, amava o mundo natural e, muitas vezes olhva para o mundo natural para usar como  matéria-prima em suas roupas.
McQueen: “Eu tive experiência em alta-costura, e eu posso ver por ela. Este vestido creme por exemplo nós usamos 260 metros de organza, e levou um mês de trabalho. Tínhamos três pessoas trabalhando, cortando todos os círculos."
A galeria de final, "Plato’s Atlantis," é a última coleção que McQueen criou antes de sua morte em fevereiro de 2010. é coberta por telhas de acrílico para dar a idéia de um laboratório clínico. E para mim foi uma coleção que de forma resumida mostra todos os grandes temas ao longo de sua carreira. Opostos, contrastastes de homem e máquina, natureza e tecnologia. A coleção foi transmitida ao vivo pela Internet  como uma forma de tentar criar um diálogo entre o consumidor e o criador. McQueen gostava de provocar,  gostava de provocar a todos emocionalmente. Eu acho que ele fez isso tocando em uma de ansiedades culturais, ou uma de incertezas, ou alguém espera, ou seus desejos.
E as utimas palavras sobre o gênio McQueen por Sarah Burton: “Seus  anseios românticos impulsionaram sua criatividade e moda avançado em direção lugares anteriormente considerados imagináveis.”
Link para fotos, vídeos, explicações, tudo sobre a exposição:
http://blog.metmuseum.org/alexandermcqueen/



14.6.12

Os doces de Cora

Pouca gente sabe que eu sou goiana. Na verdade, fui criada em Belo Horizonte desde que tinha 1 ano, portanto, nada mais justo que assumir minha dupla cidadania goianeira. Mesmo me sentindo cidadã belorizontina, que ama essa cidade como poucos, as raízes goianas sempre estão comigo. Meu avô era professor e escritor. Pedro Gomes era um sertanista, falava dos cotidianos das pessoas da roça e da cidade de Goiás, com delicadeza e respeito. Ele era amigo daquela que eu considero uma das pessoas mais sábias e profundas que já passaram pelo século XX: Cora Coralina.
Cora foi uma mulher ousada, inteligente e muito à frente do seu tempo. E como sempre acontece, acabou pagando um preço alto por isso.
E o preço ela pagava fazendo doces maravilhosos que a sustentavam e nutriam, também sua poesia.

No meu sítio, as raízes goianas se misturam aos sabores de Minas. Este livro foi lançado no ano passado, ou em 2010, se não me engano. Ele traz os escritos e as receitas manuscritas com a letra belíssima da autora, e traduzidos para os tempos atuais. Bom, eu sou adepta das tradições antigas, ainda que isso dê um trabalhão! Esses são os doces de banana que fiz a partir da receita original da Cora. Se ficou bom? Sim, e muito! Mas o que mais me deixou feliz foi resgatar um pouquinho daquela tradição. Não vou publicar a receita, porque não estou com o livro aqui, mas deixo uns versos dela para vocês, que têm o mesmo sabor do doce da memória...



O Passado...

Homens sem pressa, 
talvez cansados, 
descem com leva 
madeirões pesados, 
lavrados por escravos 
em rudes simetrias, 
do tempo das acutas. 
Inclemência. 
Caem pedaços na calçada. 
Passantes cautelosos 
desviam-se com prudência. 
Que importa a eles o sobrado?

Gente que passa indiferente, 
olha de longe, 
na dobra das esquinas, 
as traves que despencam. 
-Que vale para eles o sobrado?

Quem vê nas velhas sacadas 
de ferro forjado 
as sombras debruçadas? 
Quem é que está ouvindo 
o clamor, o adeus, o chamado?... 
Que importa a marca dos retratos na parede? 
Que importam as salas destelhadas, 
e o pudor das alcovas devassadas... 
Que importam?

E vão fugindo do sobrado, 
aos poucos, 
os quadros do Passado.

Cora Coralina

1.12.11

A boa vida

Ontem vi na TV Argentina uma propaganda, acho que era de um mate, mas isso nao vem ao caso. o interessante era a abordagem: a propaganda sugeria que uma mãe parasse para pensar em como sua vida era boa e congelava as imagens do seu cachorro, dos filhos, avos e marido. Estava aqui sentada no pátio da Universidade de Buenos Aires olhando os jovens e justamente pensando nisso. O que e a boa vida? Quando somos jovens, ainda que nos divirtamos com essa condição, ainda estamos bem longe da tal boa vida. Ontem, no café da manha, fiquei observando um grupo de senhoras conversando. uma delas trazia uma caixinha de remédios com diversos compartimentos e explicava para a outra que ela "apenas" nao podia com lactose. A outra, descobri logo depois e diabética.
O que as três coisas tem em comum? Aparentemente nada, apenas delírios de alguem a toa, coisa rara em minha vida. Mas nao.Elas tem muito mais do que aparentam. Penso que a boa vida tem a ver com você fazer o que gosta, conseguir ter uma vida digna,por isso entendo nao ter dividas, e ter saúde. Mas também uma boa-vida e se acertar nas escolhas sejam elas amorosas ou de seus amigos. Ainda que, por vezes, descubramos que nao acertamos muito, mas podemos mudar, nao e? E, o principal e ver ao longo da nossa vida que podemos contar sim com algumas pessoas, de fato muito poucas, mas que a responsabilidade da nossa vida boa cabe a ninguém mais que nos mesmos. Bom, agora vou para a apresentação...

28.11.11

Viagens de trabalho

Escrevo enquanto aguardo para embarcar para Buenos Aires. o que me leva lá? Um congresso. Ultimamente tenho feito mais viagens de trabalho do que passeio. Essas são viagens estranhas, porque nao temos muito tempo para pensar nelas. Por exemplo, muito mais me preocupa o que deixar para o Wander comer, deixar instruções para minha fiel escudeira Iracema, pensar se nao estou esquecendo de pagar nada...
Hoje, antes de começar a saga da viagem, saga sim, estou viajando desde 11:40h da manha e só devo chegar a Buenos Aires por volta da meia noite, Wander me perguntou se esse esforço vale a pena, já que os gastos também são todos por minha conta. Eu, racionalmente, como sempre, argumentei que sim, vou apresentar um artigo sobre um projeto de pesquisa que estou desenvolvendo, que isso faz parte do trabalho acadêmico, etc.
Mais tarde comecei a pensar em outro aspecto: o meu instinto de viajante. E isso me deixou feliz, porque, de fato, eu gosto muito de viajar. Adoro a sensação do desconhecido, gosto de olhar outros lugares - ainda que Buenos Aires nao me seja totalmente desconhecida. E aí fiquei pensando que nao importa muito ficar horas no aeroporto. Eu estou viajando, seguindo minha curiosidade natural e a necessidade que tenho de sair por aí descobrindo coisas, principalmente porque e muito bom voltar para casa!
E somente aqui, a meio caminho do meu destino, foi que comecei a pensar na viagem e curtir mais essa aventura solitária. Nao me importo de viajar sozinha. Claro que existem os problemas de fazê-lo. Mas acabo sempre por achar que a minha companhia nao e das piores, e gosto de ter tempo para pensar. E olhar tudo...